sábado, 31 de janeiro de 2009


"Tudo isso me deu o leve tom de pré-climax de quem sabe que, auscultando os objetos, algo desses objetos virá que me será dado e por sua vez dado de volta aos objetos. Talvez tenha sido esse tom de pre-climax o que eu via na sorridente fotografia mau-assombrada de um rosto cujo a palavra é um silêncio inexpressivo, todos os retratos de pessoas são retratos de mona-lisa."
Clarice Lispector

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O poeta das passarelas

Por Laís Costa


Tive uma bela surpresa semana passada quando encontrei por acaso o blog Dois Cliques, do fotógrafo Marcos Serra Lima. Estava vendo as fotos das semanas de moda, do Rio de Janeiro e de São Paulo quando me deparei com esse belíssimo retrato de backstage feito pelo fotógrafo.



Esse retrato é de uma das modelos do desfile do estilista mineiro, Ronaldo Fraga, que foi considerado um dos melhores da semana de moda de São Paulo, a São Paulo Fashion Week (SPFW).

Engana-se quem imaginou nas passarelas modelos magérrimas e roupas impossíveis de serem usadas por simples mortais. Idosos e crianças entraram na passarela vestindo as criações do estilista de sua coleção Risco de Giz.

A coleção teve inspiração nos bonecos do artista plástico, também mineiro, Álvaro Apocalipse que expôs em 1988 a série Giz, que inspirou o estilista por ser " atemporal, ele fala do novo e do velho como início e fim do traço. Universal, ele cria personagens-bonecos, espelhos do homem comum, pendurados como o velho vestido esquecido no cabide", como diz Ronaldo Fraga em seu blog.

Para quem nunca ouviu falar do estilista Ronaldo Fraga, ele ficou conhecido por sua sensibilidade em levar para as passarelas o desfile baseado em tema, seja uma cantora, Nara Leão; ou a obra de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Ele utiliza a licença poética nas passarelas. Basta ver como ligou elementos simbólicos- no caso da coleção em homenagem a Nara- da época da cantora, como a Bossa Nova, o calçadão de Copacabana e criou vestidos leves e românticos.

Da mesma maneira, na atual coleção, a ligação entre início e fim do traço sendo a existência das pessoas, do tempo sobre elas, e apresentar sua criação com personagens reais e não feitos de giz.

O objetivo mercadológico do estilista fica praticamente ofuscado com tanta beleza e sensibilidade de suas criações. Dá mostras de que a moda existe não somente para pessoas dentro dos "padrões de beleza", que ele desconstrói durante o desfile.


Vale a pena conferir no blog do estilista o vídeo do desfile.
http://ronaldofraga.com/blog/

E o blog do fotógrafo, Marcos Serra Lima.
http://colunas.ego.globo.com/doiscliques/

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Moça com Brinco de Pérola


por Fernando Gil Paiva

Johannes Vermeer nasceu em 31 de outubro de 1632 em Delf, na Holanda.


Vermeer teve de uma vida bastante conturbada como um comerciante de arte que por muitas vezes precisava utilizar de quadros para sanar suas dívidas em lojas de comida locais. As dificuldades da época o levaram a findar sua vida em uma grande miséria. Sua viúva, mãe de 15 filhos dos quais 4 faleceram com pouca idade, teve que terminar de vender seus quadros para adquirir uma mínima pensão fornecida pela prefeitura.

Depois de sua morte, o esquecimento fez de Vermeer um homem sem força e identidade. Muitos autores que haviam então tomado posse de suas obras, assinaram-nas ou deram a elas autoria de outros pintores mais famosos para que um valor maior pudesse ser obtido com elas.

Entretanto, em 1866, o historiador de arte Théophile Thoré (pseudónimo de W. Bürger) fez uma declaração nesse sentido, atribuindo 76 pinturas a Vermeer, número esse que foi em breve reduzido por outros estudiosos. Hoje, sobreviveram 35 a 40 trabalhos atribuídos ao pintor holandês.

Vermmer obteve o reconhecimento de segundo pintor holandês mais famoso do século XVII, período da Idade de Ouro Holandesa, depois de Rembrandt. Seus quadros são admirados pelas suas cores transparentes, composições inteligentes e brilhante uso da luz.

Muito provavelmente por sua pouco conhecida vida, o diretor de cinema Peter Webber tenha decidido mostrar o que se passou por trás de uma das mais conhecidas de suas obras: Moça Com Brinco de Pérola, pintada entre 1665 e 1666, que é homônima ao filme protagonizado por Colin Firth no papel do pintor e Scarlett Johansson como Griet, a Moça inspiradora.

Scarlett Johansson

(Sinopse) Em pleno século XVII vive Griet (Scarlett Johansson), uma jovem camponesa holandesa. Devido a dificuldades financeiras, é obrigada a trabalhar na casa de Johannes Vermeer (Colin Firth), um renomado pintor de sua época. Aos poucos Johannes começa a prestar atenção na jovem de apenas 17 anos, fazendo dela sua musa inspiradora para um de seus mais famosos trabalhos: a tela "Girl with a Pearl Earring".

terça-feira, 27 de janeiro de 2009


A NOVA ANGELINA

por Fernando Gil Paiva

Angelina Jolie

Se há alguns anos éramos muito acostumados a ver Angelina Jolie perfazendo manobras radicais e praticamente mirabolantes em Lara Croft: Tomb Raider, Sr. & Sra. Smith, Capitão Sky e o Mundo de Amanhã e o mais recente O Procurado.

Se esperávamos que ela estivesse sempre pronta a desvendar mistérios e ser a pessoa que daria as respostas aos casos de assassinato e O Colecionador de Ossos e Roubando Vidas, talvez surpresas não teriam sido tão grandes.

Também fica evidente que sua beleza excedente não poderia ter sido esquecida como nos filmes Pecado Original e Alexandre. Pode ser que todas essas aventuras tenham despertado muitos personagens, mas também estavam ali aqueles sentimentos que nos causariam as supracitadas surpresas.

Basta que lembremos de um início promissor ao lado de grandezas como Vanessa Redgrave, Winona Ryder, Brittany Murphy e Whoopi Goldberg no caos de uma ‘instituição’ chamada Garota Interrompida (Girl, Interrupted). Anos depois, experiências depois e uma seriedade a florescer – lá estava ela.


Garota Interrompida - Angelina e Winona. (1999)

Foi assim que, dirigida por Robert De Niro, apareceu em O Bom Pastor (The Good Shepherd) que contava a história de como a CIA, agência central de inteligência norte americana teve início.

O Bom Pastor - Angelina e Matt Damon

Depois, apareceu mergulhada em uma aparência diferente daquela antes explorada. A magreza que um tanto causou incômodo se misturava com o sotaque mais oriental e uma atuação cheia de sofrimento no filme O Preço da Coragem (A Mighty Heart).

23 de janeiro de 2003. Daniel Pearl (Dan Futterman), chefe da sucursal do Wall Street Journal no sudeste asiático, está trabalhando numa matéria sobre um homem-bomba chamado Richard Reid. Sua pesquisa o levou a Karashi, onde um intermediário lhe prometeu uma boa fonte. Quando Daniel saiu para a entrevista avisou Mariane (Angelina Jolie), sua esposa, de que talvez voltasse tarde. Porém ele jamais retornou. Grávida de 6 meses, Mariane decidiu escrever um livro para apresentar a seu filho quem era seu pai, que ele não conheceria.

O Preço da Coragem (2007)

Por fim, talvez sua maior concretização em um trabalho. Algo tão tocante e tão movente que apenas resta dizer que é preciso assistir ao filme A Troca (Changeling – de Clint Eastwood) mergulhado na ingenuidade de não saber muito sobre a trama.


A Troca, de Clint Eastwood (2008)

Certas coisas apenas ficam melhores quando não a conhecemos de fato.
O desconhecido como melhor caminho para a compreensão – e surpresa!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Zimmerman

Por Madiano Marcheti



Estava ansioso. Via que suas mãos suavam, mas sentia aspereza nelas. O ambiente lhe era estranho, nunca estivera ali. Era o próximo, uma mulher estava sendo atendida. A indecisão tomou conta de seus pensamentos. Precisava fazer, se não o fizesse seria perdida a chance de homenagear o que provocou grandes mudanças em sua vida, que o ajudou a crescer e pensar. Sabia que se escolhesse tal nome, para seu filho, sua mulher o detestaria até o fim da vida. Era necessário. Tantos anos de devoção.

Pode vir o próximo! – anunciou o escriturário.

Ele foi. Mas a indecisão continuava. Era tão importante para ele que seu filho tivesse o nome que permeava sua cabeça nos últimos 10 anos. Era importante...
O gosto pela coisa e a fixação pelo nome aconteceram naquela noite. Todos estavam reunidos para ver o estúpido ritual de “estripamento” do peru que logo seria preparado para a ceia. Os pais de Santiago riam e se deliciavam com a cena macabra. Não só eles. As tias, gordas e católicas fervorosas, incentivavam a dona da casa, avó Tida, a “estuprar” o animal. Santiago era o único desinteressado na cozinha, talvez porque acabara de completar 15 anos e o espírito rebelde-aventureiro se apossara dele. Mas o fato era que ele detestava festas de família - e se orgulhava disso. Dizia a seus amigos que se achava a frente da sua geração, “que se orgulhava da sua apressada maturidade”. Enquanto seus amigos brincavam de futebol, ele ouvia discos do Jimi Hendrix. Os amigos subiam em telhados para testar os binóculos caseiros espionando vizinhas nos banheiros, enquanto Santiago ouvia John Lennon e Janis Joplin.
Lia também. Não só gibi ou mangá. Lia livros. Coisa que seus amigos não imaginavam, pois se soubessem, em pouco tempo Santiago perderia o trono de liderança do grupo, conquistado a tanto custo.
A cena da mão de sua avó dentro do peru o horripilava, fazia-o lembrar um site pornô que Juca, o menino pervertido – como era conhecido - havia lhe apresentado dias atrás. Enojado saiu da cozinha e foi até a sala em busca de ar, som ou TV – sabia que na casa dos avós era impossível ter um computador, muito menos com internet.
Foi na sala que ele encontrou!
Digo isso enfaticamente porque a partir desse momento, que Santiago encontrou o que seu avô escondia de todos, sua vida mudaria, completamente.
O objeto não era pesado, mas possuía um cheiro estranho, diferente de tudo que Santiago já havia sentido ou usado até então. Pegou o objeto em mãos, era estranho e lindo. Ele precisava experimentar. Olhou em direção a cozinha e viu que todos ainda estavam lá, o sanguinário ritual ainda não havia terminado. Viu o avô e pensou, oposto aos costumes da família, por que ele teria tal objeto em casa.
Seus avós eram muito religiosos, puritanos ao extremo. Santiago era discriminado na família porque tentara, por três vezes, deixar o cabelo crescer. Impossível com a família que tinha. Desistiu do desejo no momento, mas planejava sua vingança quando completasse 18 anos. Cabelo comprido, barba, brincos, tatuagens (em partes especificas do corpo que seus pais detestariam)...
O objeto parecia antigo. Santiago concluíra que seu avô não usava há muito tempo. A curiosidade foi aumentando junto com o desejo de se tornar um exilado do ritual familiar que acontecia. Precisava de um lugar mais reservado, pois aquele ato necessitaria de extrema concentração. Além de tudo, Santiago, não imaginava os efeitos que aquilo poderia trazer.
Sempre fora desafiador e aventureiro. Aos 8 anos havia passado por experiências piores – Santiago dizia que o seu oitavo ano era o ano que definiu a sua sexualidade - afirmava fortemente isso aos seus amigos, e dizia sempre com um certo orgulho da sua “apressada maturidade”.
No ano que firmara sua sexualidade, Santiago descobriu o que era uma revista pornográfica - ou de mulher pelada como diziam.
Ainda mais. Descobriu a fonte. Ele não lembra como, mas acabou descobrindo o acervo, invejável, de revistas de “entretenimento” masculino de seu pai. O velho escondia alto. Na última gaveta do último compartimento do guarda-roupa.
Precisava ver, olhar, folhear – descobrir.
Sempre que a curiosidade afetava Santiago, ele agia. Dessa vez ele agiu, mas agiu mal. Pegou uma cadeira e posicionou na frente do inimigo – que naquela época era muito alto para ele, pois sempre fora um menino mirrado – subiu, caiu, foi socorrido, fraturou um braço, veio o castigo,...

O ritual ainda continuava. Encontrou o lugar reservado. Era perfeito para a execução do ato. Observou se ninguém o observava. Tudo limpo! É agora...
Sentiu... não houveram alterações psíquicas e físicas... mas sentia que aquilo o levaria a dependência psicológica!
Tarde demais!
Foi rápido, sentira uma paz como se seu corpo estivesse sobre um colchão de plumas e ao mesmo tempo pregos. Sim. Pois os efeitos eram paradoxalmente inquietantes. Irritante e suave.
Talvez os efeitos fossem devastadores porque era do puro, do legítimo.
Depois daquele dia, da experiência, não largou mais. Pelo contrário, disseminou. Usava todos os dias.
Como líder apresentou ao grupo de amigos, todos gostaram. Até uma seita eles criaram. “Os adoradores primeiros de Zimmerman”.

Parabéns! Qual vai ser o nome da criança? – perguntou o escriturário.

As histórias de sua infância e de como conhecera, a primeira vez que usara, até a seita em homenagem ao objeto, permearam suas lembranças durante o trajeto do banco até o balcão onde o escriturário o esperava, com certa impaciência.
Parou, pensou, pensou, parou...
Oi! O nome dele será...é... Zimmerman... Zimmerman da silva! (Silva por parte de sua esposa) – dissera com tanta vontade que as pessoas que esperavam ali para registrarem suas proles o observaram com espanto.
Zimmerman? – indagou assustado o escriturário.
Sim! Zimmerman! – afirmou, satisfeito, Santiago.





Robert Allen Zimmerman, mais conhecido como Bob Dylan.




FIRMOFOTOGRAFIA

Fotografia do Ensaio "Um Brasil Mítico"

por Dafne Spolti

O fotógrafo carioca Walter Firmo (1937) registra o Brasil com profundidade e poesia. Em suas fotos coloridas ou em preto-e-branco, ele marca através do corte fotográfico as realidades do interior do país.

Sua história com a fotografica começou cedo. Quando tinha seus treze anos observava a revista "O Cruzeiro" e tinha vontade de fazer fotos como as da revista, queria fazer como aqueles profissionais que "viajavam por esse mundo todo, registrando em suas máquinas as coisas importantes que aconteciam em volta de nós".

Em 1957, então, começou sua carreira de fotojornalista no jornal "Última Hora". E em 1960, no “Jornal do Brasil”, onde fotografou grandes acontecimentos.

Não satisfeito em dar flagrantes apenas, com vontade de poder “trabalhar” suas fotos, Walter Firmo entrou para a revista “Realidade”, em 1965.

Walter Firmo trabalha com cores e em preto-e-branco. Em alguns momentos declara que prefere fotografar em cores. Eu outros, em preto e branco, chegando, inclusive a dizer que “a verdadeira fotografia é em preto-e-branco”.

Por toda a sua vida, o carioca Walter Firmo tem recebido diversos prêmios. Um dos mais importantes foi prêmio Esso de jornalismo pela reportagem “Cem dias na Amazônia de ninguém”.
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"FIRMOFOTOGRAFIA"
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Veja mais fotos em www.walterfirmo.com.br

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"happy birthday to you..."
por Fernando Gil Paiva


Scarlett Johansson em anúncio Dolce & Gabbana


Muitas mulheres tentaram, muitas ousaram, algumas ficaram bem diferentes, outras muito próximas. É fato que nenhuma será como ela, mas tem em si uma essência do que foi a contemplativa e única Norma Jean Baker...



... ou mais conhecida como Marilyn Monroe.
Ela tinha a faísca da vida.

Marilyn Monroe 01/06/1926 - 05/09/1962

Wright & Marianelli
por Fernando Gil Paiva

Assim como em décadas passadas Sergio Leone muito se emprenhou com Ennio Morricone e vice-versa, a década corrente mostra outro exemplo muito bem sucedido entre diretor e compositor de trilha sonora.

As primeiras bem sucedidas notas de Dario Marianelli em conjunto com Joey Wright vieram em Pride & Prejudice (Orgulho e Preconceito - 2005), filme baseado no livro homônimo de Jane Austen e que mostra como era a vida do ponto de vista da classe feminina na Inglaterra do século XIX, o que incluía as ansiedades e frustrações das ascensões e quedas familiares, bem como o decisivo fato do casamento com o partido não decepcionante.

Da obra, fica a atenção especial para o piano de Marianelli na música tema “Dawn”, em português, Crepúsculo. O filme conta com as atuação de Keira Knightley, Brenda Blethyn, Jena Malone, Donald Sutherland, Mathew Macfadyen, entre outros.

Cena de Orgulho e Preconceito (2005)


Dois anos depois, foi a vez de Atonement (Desejo & Reparação - 2007) ser beneficiado pela direção e pela composição da dupla. Desta vez, ainda na Inglaterra, agora regida pelas palavras do autor Ian McEwan, a história dá lugar às paradoxais firmezas em tempos de guerra (Pré Segunda Guerra Mundial) e delicadeza de vidas tão inclinadas à fragmentação e ao desperdício.
A maestria de seu título original deixa um resumo das sensações de vários de seus personagens – a reparação, quando tudo parecia tão difícil, muitas vezes impossível. No filme estão James McAvoy, as surpreendentes Saoirse Ronan, Romola Garai e Vanessa Redgrave e presentes mais uma vez Brenda Blethyn e Keira Knightley.

Na verdade, fica um tanto quanto difícil e injusto estabelecer uma única música para também servir de resumo para Atonement, mas talvez as que mais argumentaram à favor de seu Oscar por Melhor Trilha Sonora Original sejam as que se utilizaram dos elementos de cena para a composição final, exemplo disso são as batidas de um pedaço de madeira em um carro e a máquina de escrever de uma das personagens. Abaixo, “With My Own Eyes” (Com os meus próprios olhos).

James McAvoy em Desejo & Reparação

E para um terceiro encontro, resta apenas a curiosidade de uma das obras mais esperadas para o início de 2009 de acordo com o site de Cinema IMDB (The Internet Movie Database). The Soloist, (O Solista - 2009), previsto apenas para estrear no mês de setembro, reserva sua trilha sonora ainda oculta no Cello do personagem músico de Jamie Fox que atua ao lado de Robert Downey Jr.

Pôster de O Solista

Dario Marianelli é italiano e nasceu em Pisa a 25 de Maio de 1963. Também compôs as trilhas sonoras para V de Vingança, Os Irmãos Grimm, Valente, etc.

Dario Marianelli
Para ouvir 'Dawn'
Para ouvir 'Whit My Own Eyes'
Para ver o trailer de The Soloist

domingo, 18 de janeiro de 2009

"Pigmentos"

Por Madiano Marchetti
Obras do artista espanhol José Manuel Hortelano.
São desenhos de cores fortes, berrantes, que me remetem as "cores de Almodóvar". Quando vemos as obras desse artista é possível imaginar os figurinos extravagantes, personagens caricatos, situações delirantes e exageradas do genial cinema "Almodovariano".



"José sob a água"

"Minhas três tias" - trabalho feito em giz.

Para conferir o trabalho do artista.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Uma imagem

Fotografia de João Castilho - Ensaio Redemunho - www.joaocastilho.net

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O HOMEM COM A GAITA

por Fernando Gil Paiva


Ainda que o cinema mudo não tivesse experimentado as técnicas inovadoras do casamento entre imagem e voz de seus personagens, parecia imprescindível que uma união maior estivesse presente – a trilha sonora.

Fosse em O Gabinete do Dr. Caligari (1919), de Robert Weine ou em Nosferatu – Uma sinfonia do horror (1922), de F. W. Murnau, por exemplo, a música era uma das divisões da equipe técnica, ou seja, parece difícil passar a completude das emoções dissociada de notas musicais.
Talvez mais difícil ainda seja tentar encontrar quais seriam as pessoas dignas de ocupar um espaço maior na nossa memória musical. É por isso que, começando com essa postagem, inicia-se uma visita aos sons que mais tocaram e se tornaram inesquecíveis nos ouvidos dos "visitadores do cinema".

C’era Una Volta Il West ou mais bem conhecido como Era Uma Vez no Oeste (1968 – Direção de Sergio Leone), não apenas marcou por seus créditos iniciais memoráveis, planos belamente elaborados, fotografia, imagens e personagens, como não perdeu pontos ao ter consigo as composições de Ennio Morricone, em especial The Man With The Harmonica (O homem com a gaita) que deu não apenas a Charles Bronson – Harmonica, um homem sem nome – mas também a Henry Fonda, Claudia Cardinale, Woody Strode e os outros, o que hoje ainda está presente e eternizado.


Claudia Cardinale no clássico de Leone

A força da música, dos personagens e de suas vontades que movem o roteiro fizeram desta película o espetáculo que ainda é mundialmente consagrado. Quando Morricone finalizou a trilha do filme, este, entretanto, não estava concluído, o que fez com que Dario Argento, Bernardo Bertolucci, Sergio Donati, Mickey Knox e Sergio Leone – os roteiristas – fizessem com que a história se encaixasse às composições e não o caminho contrário [tamanha era sua presença].


Ennio Morricone

O compositor Ennio Morricone nasceu em Roma no dia 10 de Novembro de 1928. Em sua carreira, participou da composição e arranjo de mais de 500 filmes entre eles Cinema Paradiso, A Missão, Por um Punhado de Dólares, Era Uma Vez na América e muitos outros.

Para ouvir The Man With The Harmonica acesse o link do YouTube:

http://br.youtube.com/watch?v=m6BQKFs3-VM

Por Naiza Brito

pa.ra.fer.ná.lia sf (lat med paraphernalia) 1 Objetos pessoais. 2 Equipamento necessário a uma atividade humana. 3 Pertences; tralha.
Mulheres de Atenas...


por Luara Caiana


Não há como não se encantar e se sensibilizar com as histórias, dramas, aventuras e desafios pelos quais passam a população brasileira. E aquelas histórias, nas quais os bastidores viram os protagonistas, onde o pequeno mostra a força e surpreende o grande, ainda mais.

O cinema, com sua arma sensibilizadora, capaz de provocar as mais variadas sensações em um ser, vem cada vez mais, se mostrando um aliado no desvendar de seres, de pessoas, de culturas e de lutas, muitas vezes apagadas pela visão bitolada e individualista que domina o mundo dos prazeres, dos quereres e dos "teres", no qual vivemos.

Uma produção aparentemente simples, mais de gigantesco conteúdo e impacto, e que desvenda, apenas uma das lutas ignoradas pela grande massa, é " Dia de festa", dirigida por Toni Venturi e Paulo Georgieff. "Dia de Festa" mostra de perto a luta pela moradia digna, de quatro mulheres, Neti, Silmara, Janaína e Ednalva, que integram o Movimento dos Sem Teto do Centro, de São paulo (MSTC).





Eles acompanham a expectativa e a apreensão delas na preparação das sete ocupações simultâneas, que ocorreram em outubro de 2004, em prédios abandonados no centro da cidade.


O arquiteto Pablo Georgieff viveu durante 2 meses entre os sem-teto da cidade de São Paulo, como forma de pesquisar soluções para o problema da moradia popular. Foi Georgieff quem convidou Toni Venturi a realizar Dia de Festa, convidando-o a ingressar no movimento e realizar filmagens usando câmera na mão.


Daí surge um forte e belo documentário, que mostra a fibra, a garra, a esperança, a união, a intimidade e o amor dessas mulheres pelo movimento; que para elas significa muito mais do que uma luta em prol de suas vidas, mas uma luta pela vida, futuro e dignidade de todos os envolvidos no movimento."Guerreiras contemporâneas na selva de pedra, verdadeiras mulheres de atenas!"


E o confronto testemunhado pelo filme continua a ocorrer diariamente, à margem das manchetes dos jornais.

E para balançar mais ainda, a trilha fica por conta da voz torta e magnífica, de Elza Soares!


Um filme indicado para todos aqueles que têm dentro de si, acesa a chama da justiça e o desejo de igualdade !

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Filme dentro de filme

por Fernando Gil Paiva


Não apenas para os telespectadores, mas também para quem faz filmes, o prazer dos intertextos é notável. De um lado, ao assistir um filme, ficamos admirados com a possibilidade de encontrar menções de outra obra, resquícios que se encaixam com diferentes situações. Do outro lado, a chance de estabelecer um elo entre o novo e o objeto de homenagem, aquele cuja história tem tamanha significação que merece ser rememorado.
Essa forma de paixão gera uma grande ânsia em se descobrir que determinada cena, ou música ou fala de uma outra película está sendo posta num filme que não o seu de origem. E a história do cinema pode contar com mais detalhes tantas dessas sutilezas ou não tão sutis assim.
Para grandes observadores, aí vai uma mínima parte da grande maestria dos intertextos...
O filme WALL-E (2008, Dirigido por Andrew Stanton) consegue ser um exímio ato de lembrança separado 40 anos do filme 2001 – Odisséia no espaço (1968, Stanley Kubrick). Seu longo início de poucas palavras, muitas imagens e mensagens, sua ambientação e contexto espacial, além da reprodução da marcante trilha sonora que também aparece nos reposicionam num nível de "fazer cinema" muito acima do que se tem visto hoje. WALL-E levou o Globo de Ouro 2009 de melhor animação.

Imagem do filme WALL-E.

O filme Manhattan (1979, Woody Allen) apresenta uma das mais marcantes falas do cinema em um diálogo trivial, porém decisivo entre Allen e Mariel Hemingway em um pub - momentos decisivos de seu relacionamento. A frase “We’ll always have Paris” [Nós sempre teremos Paris] originalmente entre Ilsa (Ingrid Bergman) e Rick (Humphrey Bogart) de Casablanca (1942, Michael Curtiz) é retomada afim de mostrar a força de uma obra cinematográfica na vida de seus espectadores. O filme, talvez um dos mais marcantes, foi uma forma de pontapé para muitas outras homenagens por vir.

Imagem do filme Manhattan.

E se ficar complicado ou até mesmo difícil de acreditar em certas intertextualidades, por que não optar pela forma menos implícita do ato? Eis que surge, entre muitas e elencáveis obras, o filme Rebobine, por favor um tanto atípico e cheio dessas homenagens (pra não dizer nostalgia), pois ele relata a história de uma cidade que perdeu todo seu acervo fílmico devido à exposição de radiação. Com isso, os amigos Jack Black e Mos Def resolvem relembrar (e reaver) aqueles que foram os maiores clássicos da década de 80 e 90, como Robocop, De Volta Para o Futuro, Conduzindo Miss Daisy, Rei Leão, Os Caçadores de Fantasmas, entre muitos outros. O desenrolar dessa hilária experiência de refazer seus filmes prediletos acaba os conduzindo numa experiência e fama que nem sequer imaginaram. O filme foi lançado em 2008 e dirigido por Michel Gondry, de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.

Pôster do filme Rebobine, por favor.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Simples e emocionante como uma cantiga.

Cenas do filme: Jogo de Cena (2007).

Por Laís Costa



“Se essa rua, se essa rua fosse minha. Eu mandava, eu mandava ladrilhar. Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes...”

Essa cantiga te lembra algum momento de sua vida?

Depois de assistir a última película dirigida por Eduardo Coutinho, Jogo de Cena (2007), ela te lembrará a sensibilidade de um personagem e, principalmente, o brilhantismo de Coutinho.

A narrativa construída a partir de entrevistas de 23 mulheres, selecionadas dentre 83, são dramas reais que servem de base para a interpretação de atrizes, algumas ainda desconhecidas do grande público, outras nem tanto como Marília Pêra, Andréa Beltrão e Fernanda Torres.

Até aqui normal, pois sabemos que em muitos casos a arte imita a vida.

A grande jogada é a forma como Coutinho organizou essas histórias. De modo fragmentado os personagens surgem, o real e a interpretação das atrizes é uma linha muito sutil, somente em alguns casos a interpretação delas é evidente.

O espectador é atraído para o jogo, e a cada personagem é inevitável analisar, trata-se de uma interpretação ou o real?

O cenário é extremamente importante na narrativa, a câmera está posicionada em cima do palco de um teatro, e nós espectadores ficamos de frente para a platéia vazia. Parece que todos em cima do palco estão atuando. Em alguns momentos as atrizes parecem interpretar fatos reais de suas vidas, em outros as entrevistadas, talvez pelo contato com a câmera.

Acredito que a grande magia desse filme é mostrar que independente dos limites entre o real e a interpretação –ou a falta deles- não ficou impuro por conter atrizes como alguns críticos disseram. Prova disso é que foi considerado o melhor filme de 2007 pela Associação Paulista dos Críticos da Arte (APCA).

Coutinho inaugurou uma nova forma de fazer documentário, ao unir ficção a narrativa documental, mas também porque é marcado pelo contato com histórias emocionantes que sensibilizam e marcam os espectadores. Simples assim.

“Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes. Para o meu, para o meu amor passar...”




domingo, 11 de janeiro de 2009

Fotogramas de Palco

Raul Cortez e Ron Daniels em "Ensaio na Escola do Teatro Silvia Helena" (1997) Do capítulo "Ensaios Pessoais" do livro Fotografia de Palco - Lenise Pinheiro
Por Madiano Marcheti


Dramaticidade vinda de um apurado olhar fotográfico e de um instante único. A mistura dos cernes vivos do cinema – o teatro e a fotografia.

Os pais do cinema, enquanto processo técnico-narrativo.
O teatro constituindo o drama, que complementa o real com o imaginário, e a fotografia enquanto técnica básica necessária para se “criar” uma imagem e nos revelar o significado da experiência de se conservar os momentos. Mas a fotografia, nesse caso, vai além dessa simplória função.

Eis aqui, novo olhar dramático sobre o objeto já dramatizado. Difícil. Paradoxal. Talvez!


Exposição do fotógrafo

George Washington Bridge, NY, 1994 - Cláudio Edinger

Posso vê-lo! Não, não o homem da foto. O fotógrafo. Por mais que ele esteja ali, atrás da câmera, posso percebê-lo. Sei minimamente quem ele é porque também ele faz parte dessa foto. Sinto sua sensibilidade. Também ele se mostra. (Dafne Spolti)

Veja as fotos de Cláudio Edinger em www.claudioedinger.com