terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Filme dentro de filme

por Fernando Gil Paiva


Não apenas para os telespectadores, mas também para quem faz filmes, o prazer dos intertextos é notável. De um lado, ao assistir um filme, ficamos admirados com a possibilidade de encontrar menções de outra obra, resquícios que se encaixam com diferentes situações. Do outro lado, a chance de estabelecer um elo entre o novo e o objeto de homenagem, aquele cuja história tem tamanha significação que merece ser rememorado.
Essa forma de paixão gera uma grande ânsia em se descobrir que determinada cena, ou música ou fala de uma outra película está sendo posta num filme que não o seu de origem. E a história do cinema pode contar com mais detalhes tantas dessas sutilezas ou não tão sutis assim.
Para grandes observadores, aí vai uma mínima parte da grande maestria dos intertextos...
O filme WALL-E (2008, Dirigido por Andrew Stanton) consegue ser um exímio ato de lembrança separado 40 anos do filme 2001 – Odisséia no espaço (1968, Stanley Kubrick). Seu longo início de poucas palavras, muitas imagens e mensagens, sua ambientação e contexto espacial, além da reprodução da marcante trilha sonora que também aparece nos reposicionam num nível de "fazer cinema" muito acima do que se tem visto hoje. WALL-E levou o Globo de Ouro 2009 de melhor animação.

Imagem do filme WALL-E.

O filme Manhattan (1979, Woody Allen) apresenta uma das mais marcantes falas do cinema em um diálogo trivial, porém decisivo entre Allen e Mariel Hemingway em um pub - momentos decisivos de seu relacionamento. A frase “We’ll always have Paris” [Nós sempre teremos Paris] originalmente entre Ilsa (Ingrid Bergman) e Rick (Humphrey Bogart) de Casablanca (1942, Michael Curtiz) é retomada afim de mostrar a força de uma obra cinematográfica na vida de seus espectadores. O filme, talvez um dos mais marcantes, foi uma forma de pontapé para muitas outras homenagens por vir.

Imagem do filme Manhattan.

E se ficar complicado ou até mesmo difícil de acreditar em certas intertextualidades, por que não optar pela forma menos implícita do ato? Eis que surge, entre muitas e elencáveis obras, o filme Rebobine, por favor um tanto atípico e cheio dessas homenagens (pra não dizer nostalgia), pois ele relata a história de uma cidade que perdeu todo seu acervo fílmico devido à exposição de radiação. Com isso, os amigos Jack Black e Mos Def resolvem relembrar (e reaver) aqueles que foram os maiores clássicos da década de 80 e 90, como Robocop, De Volta Para o Futuro, Conduzindo Miss Daisy, Rei Leão, Os Caçadores de Fantasmas, entre muitos outros. O desenrolar dessa hilária experiência de refazer seus filmes prediletos acaba os conduzindo numa experiência e fama que nem sequer imaginaram. O filme foi lançado em 2008 e dirigido por Michel Gondry, de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.

Pôster do filme Rebobine, por favor.

3 comentários:

Laís Costa disse...

E o nosso querido Woody sempre presente. \o/
Parabéns, Fernando!

ariana. disse...

Hei Nando...belíssimas palavras!
Sou uma super fã de "Odisséia", e animações? Adoro!Fiquei muito curiosa pra ver.
Parabéns pela sua maneira precisa e contagiante de escrever!

Ariana.

Núcleo Parafernália disse...

Parabéns Fernando!!
Mto Bom!
Apesar de ter o Woody..ahushauhsuas
brincadeira....
Precisamos praticar intertextualidades em próximas produções!!!

=Diano!!!