segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Simples e emocionante como uma cantiga.

Cenas do filme: Jogo de Cena (2007).

Por Laís Costa



“Se essa rua, se essa rua fosse minha. Eu mandava, eu mandava ladrilhar. Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes...”

Essa cantiga te lembra algum momento de sua vida?

Depois de assistir a última película dirigida por Eduardo Coutinho, Jogo de Cena (2007), ela te lembrará a sensibilidade de um personagem e, principalmente, o brilhantismo de Coutinho.

A narrativa construída a partir de entrevistas de 23 mulheres, selecionadas dentre 83, são dramas reais que servem de base para a interpretação de atrizes, algumas ainda desconhecidas do grande público, outras nem tanto como Marília Pêra, Andréa Beltrão e Fernanda Torres.

Até aqui normal, pois sabemos que em muitos casos a arte imita a vida.

A grande jogada é a forma como Coutinho organizou essas histórias. De modo fragmentado os personagens surgem, o real e a interpretação das atrizes é uma linha muito sutil, somente em alguns casos a interpretação delas é evidente.

O espectador é atraído para o jogo, e a cada personagem é inevitável analisar, trata-se de uma interpretação ou o real?

O cenário é extremamente importante na narrativa, a câmera está posicionada em cima do palco de um teatro, e nós espectadores ficamos de frente para a platéia vazia. Parece que todos em cima do palco estão atuando. Em alguns momentos as atrizes parecem interpretar fatos reais de suas vidas, em outros as entrevistadas, talvez pelo contato com a câmera.

Acredito que a grande magia desse filme é mostrar que independente dos limites entre o real e a interpretação –ou a falta deles- não ficou impuro por conter atrizes como alguns críticos disseram. Prova disso é que foi considerado o melhor filme de 2007 pela Associação Paulista dos Críticos da Arte (APCA).

Coutinho inaugurou uma nova forma de fazer documentário, ao unir ficção a narrativa documental, mas também porque é marcado pelo contato com histórias emocionantes que sensibilizam e marcam os espectadores. Simples assim.

“Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes. Para o meu, para o meu amor passar...”




3 comentários:

FitLanguages disse...

Adorei!

Isso aí, façamos deste espaço um campo diário das nossas palavras!

parabens!
=D

Madiano Marcheti disse...

Parabéns Laís!!! Lindo texto!

Muito bom... sutil, porém marcante, como Jogo de cena.

=Diano!

Dafne Henriques Spolti disse...

Você escreve com sensibilidade Laís! Quero ver o filme logo! Beijos