segunda-feira, 2 de março de 2009

O SEGREDO DE VERA DRAKE

por Fernando Gil Paiva



Quando Mike Leigh teve a chance de contar a história de Vera Drake num filme interessante e promissor, pareceu que alguns fatores deveriam apenas permanecer escondidos por um tempo, sendo assim o literal Segredo de Vera Drake.
Vera (Imelda Staunton), de uma família pobre, trabalha como faxineira enquanto o marido (Philip Davis) é mecânico. A vida da família segue suas atividades normais, sua rotina feliz, mas com muitas privações. Entretanto, nem tudo para Vera eram verdades.
E Mike Leigh fez com que essas mesmas verdades escondidas pela personagem principal e que davam o desenvolvimento à trama ficassem também desconhecidas para os próprios atores que também não sabiam qual era o segredo.
Em busca da originalidade, das surpresas e das emoções em clímax - não parava por aí a ousadia que levaria a um grande reconhecimento. Muito tempo antes, os atores já vinham se preparando, pois a própria realidade em que estavam inseridos não seria das mais acolhedoras. O diretor reuniu os atores e contou sobre o que seria a história de Vera Drake. Sem um roteiro escrito, mergulharam num árduo trabalho de improvisação dentro de um assunto que não era completamente conhecido. E treinaram, ensaiaram, treinaram...
Vera, que agia sob os lençóis da legalidade, teria por muito tempo continuado não fosse o fato de que os organismos humanos não se comportam todos da mesma maneira. E de um berço de mentiras, todos – espectadores e atores – descobrem suas atividades. Uma de suas clientes quase perde sua vida e assim, a vida de Imelda Stauton, na pele de Drake, entra em julgamento.
Tão curiosamente, um tempo depois o próprio diretor seria indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro original, que teve que ser escrito depois de o filme estar pronto para que a Academia pudesse julgá-lo. Também o próprio diretor e sua atriz principal seriam aclamados por um trabalho muito bem realizado.
O segredo de Vera Drake pode ser descoberto em qualquer site de cinema, mas para aqueles que ainda desconhecessem, assim como eu não sabia quando vi o filme, as emoções podem ser maximizadas na medida do envolvimento com a história, que vale a pena por si só e também pela atuação de Imelda, pela direção de Mike e pelo conjunto da obra.

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